sexta-feira, 17 de julho de 2009

Estagiario Nato...




O estudante de Direito da Ufrgs remete e-mail a notório escritório porto-alegrense com atuação na área penal - que recrutava estagiário(s) – e pergunta: "qual o valor da bolsa e qual o trabalho a realizar?". Também anexa seu denso currículo.


No dia seguinte, a surpresa do estudante - e de todos aqueles a quem a resposta do advogado chega, por meio dos grupos de e-mails:


- "Caro estudante, acabaste de ser reprovado na seleção, antes mesmo de iniciada. Vai aqui uma lição: essas são perguntas que não devem ser feitas já de início. Abraço e sucesso na vida!".


No mesmo dia, o (ex) postulante à vaga retruca num longo texto que, disponibilizado no mesmo grupo de e-mails, chega ao múltiplo conhecimento de terceiros. O texto assim começa:


- Caro doutor advogado. O senhor contrata estagiários para ter mão-de-obra qualificada de baixo custo, sem encargos trabalhistas, com a possibilidade de despedi-lo se as finanças do escritório apertarem, e sem precisar contratar alguém formado que pretende receber muito mais que um estagiário. E espera o quê? Que um aluno que penou irá trabalhar por uma bolsa ínfima e exercer trabalho de office boy?".


O estudante faz um hiato no texto, pedindo licença para prosseguir na exposição:


- O objetivo legal é que o estagiário aprenda, e por isso o estágio é facilitado para os empregadores, diminuindo custos. Portanto, o senhor engana-se ao pensar que conseguirá um estagiário qualificado. Pelo contrário, o senhor tem que fazer propaganda positiva de sua vaga de estágio, para atrair alunos bons, e não afastá-los.


O estudante exemplifica:


- Um estágio considerado ´bom´, é aquele que pague em torno de R$ 500, subindo até R$ 700 para quem já tem experiência; não tome muito tempo (quatro a cinco horas por dia); e que seja claro quanto à atividade a ser exercida. Ninguém quer ser ´office boy´ de luxo, nem estagiário de carga, que só serve para levar e trazer processos e visitar cartórios. Por operação do Direito leia-se trabalhar dentro do escritório, com peças, contato com clientes, participar de audiências, e não servir café, nem ser lotado na recepção ou fazer trabalho braçal".


O estudante personaliza:


- Se V.S. olhou meu currículo, viu que tenho fluência em inglês; cursei Ciência da Computação na Ufrgs por dois anos. Já estagiei um ano em gabinete de juiz. Assim, sem falsa modéstia, tenho condições de escolher o estágio que melhor me sirva!


E desfia novos exemplos:


- Lembro que o TRF-4 abre vagas para estágio a cada seis meses, paga bolsa de R$ 590 por cinco horas diárias, e o trabalho é de gabinete, análise de processos e redação de votos para acórdãos. Já o MPF abre vagas para estágio de quatro horas diárias e paga R$ 720.


Assim, concluía:


- Da mesma forma como o senhor se propôs a passar-me uma lição, também lhe deixo uma: se busca um estagiário da nata, tem de oferecer mais do que isso, principalmente porque o MPF atrai os interessados na área penal. Abraço e boa sorte na busca por estagiário!".


O advogado recupera o currículo e grafa em vermelho na primeira folha: “candidato presunçoso, mas autêntico”.


...Fonte: Recebi por e-mail de um colega da Facul...

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